quarta-feira, novembro 30

Escurecendo as coisas...


Tais imagens te fazem lembrar algo?



Quem de passagem pelas ruas de Salvador nunca viu esses “colares”sendo comercializados?
Você achou bonito? Será que é apenas colares? O que será isso?
Vamos ver o que está por trás destes colares...


Contas de Orixás: As Contas dos Orixás ou Guia, é um colar de miçangas confeccionado obedecendo padrões religiosos, como banho de determinadas ervas e escala hierárquica dentro da religião do candomblé. As cores das contas de Orixás variam conforme a cor determinante de cada Orixá. Sua função é basicamente de proteção.
Fio-de-contas são colares normalmente feitos de miçangas coloridas de acordo com o Orixá, Inkice, Vodun, cada fio-de-conta tem um significado, através do fio-de-conta é que se pode saber o grau de iniciação de uma pessoa do candomblé, e a que nação pertence.



Li certa feita num blog de uma “iniciada” a cerca da sua conta:

“Uma leitora acessou meu novo blog, viu minha foto nele e perguntou o que representava o “colar de contas azuis no meu pescoço”.
Ela queria saber se era apenas um ornamento ou havia outro significado.
Resolvi responder publicamente porque, na semana passada, uma outra leitora fez pergunta parecida: queria saber o que significava exatamente ser “filho de Oxóssi”, que é como me apresento.
 Escreveu: “Faço alguma idéia do que seja ser filho de santo: é alguém que segue o Candomblé, certo? Mas não sei qual a diferença (se é que existe) entre ser filho de Oxóssi, filho de Ogum, filho de Iemanjá etc. São nomes diferentes para definir a mesma coisa?”, pergunta.
Acho que outras pessoas podem ter a mesma dúvida, já que muito pouco se fala sobre o Candomblé. Trata-se de uma religião historicamente perseguida e ainda cercada de preconceitos, o que gera tantas reticências. Considero que não falar a respeito seja um erro repetido pelos seguidores do Candomblé. Se originalmente a religião dos Orixás era exclusiva das populações marginalizadas, hoje é praticada por gente de todas as classes sociais. Mas, como a Classe Média não admite que freqüenta o Candomblé (muitos adeptos têm a idéia de que a revelação pública poderia prejudicar suas carreiras profissionais), o tema permanece envolto em mistério, como se o Candomblé fosse uma seita fechada e não uma religião aberta.
(Cá entre nós: É claro que certos procedimentos litúrgicos não podem ser revelados, pois só são transmitidos aos iniciados. Mas há que se falar com orgulho do Orixá, ou continuaremos sendo perseguidos em pleno século XXI – as novas igrejas evangélicas estão aí e não me deixam mentir).
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Começo pela segunda pergunta: a leitora acertou somente quando disse que somos todos filhos-de-santo. Mas não somos todos iguais, absolutamente! Filhos de Oxóssi e filhos de Xangô, por exemplo, são praticantes do Candomblé (o que os torna irmãos), mas têm as cabeças consagradas para Divindades distintas. Isso significa que ambos seguem os mesmos ritos, mas sofrem a influência de Orixás diferentes.

Como se identifica, no cotidiano, um filho-de-santo? Justamente pelo colar de guia (fio-de-contas) que traz no pescoço. O fio-de-contas que uso quase todos os dias mostra que sou filha de Iemanjá(Odoiá Mamãe). E como dá para saber? Simples: cada Orixá tem sua cor correspondente. Se eu fosse filho de Oxalá, as contas seriam brancas. Sendo filho de Oxum, usaria contas amarelas. E assim por diante.
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Asé.
Mara Bittencourth

Buscando a Paz.

Asé.
Mara Bittencourth

Encruzilhada



Laroyê, Exu!


Acharam que nos derrotaram, que tinham todos na mão
Pensaram que nos derrubaram, que não ia ter reação.
Mentiram dizendo que a gente não tinha historia ou passado
Feriram nossa identidade falando que a gente cultua o diabo
Serviram nossa auto estima na bandeja aos porcos
E riram dizendo que nossos deuses estavam mortos
Cortaram nossa raiz desde cedo,
Arrancaram nosso cordão umbilical,
Fizeram o povo todo ter medo,
Nos deram uma condição marginal,
Mas chega!
Ser oprimido não tem poesia como você pensa
Idéia neonazista que se alastra feito doença
Pensaram que a gente iria assistir calado na defensiva
Enquanto vocês transformam mães-pretas em mortas-vivas
Sem vida entregando o próprio destino na mão de estranhos
Que só se preocupam com o poder e seu próprio ganho
Se lenharam!
Nem todos se rendem a qualquer esperto
Pensaram que eu tava sozinho, mas não, tô bem coberto.
Eu prego a palavra dos puros, dos que tão em apuros
Minha rima o sangue estanca, roupa branca, corpo escuro
Sozinho cê toma susto vendo vulto, tá de luto
A sua desonra sumiu na fumaça do charuto
Porque já tentou escravizar com ilusões
Mas na encruzilhada temos várias opções
O caminho, a verdade e a vida, como é que fica?
Entre a terra e o céu me diz, quem é que comunica?
To bem coberto, eu te alerto, meu corpo não tá aberto
Lugar certo não tem teto,
Não mexe com quem tá quieto.
Quem tem fé no Axé não dá ré, segue adiante
Extrai o êxtase extremo, exuberante
Exu nasceu no Jitolú, não teme nada
Mora na comunidade, a encruzilhada é sua morada
Aquele que comunica, frutifica e faz crescer
Não tenho nada a dizer a não ser... (laroiê)
Quero ouvir falar de mim sem sentir medo, respeito
Há, há!
Tá tudo preto pra você e seu preconceito
Vejo pânico estampado na cara de quem desacredita
Mas falsifica sim, tanto no descarrego quanto na missa
Tem gente que me encanta, se encanta, a força é tanta
Tem gente que tenta lucrar com meu nome e não se manca
Distorce minha imagem, faz um monte de pilantragem
E esquece que esse mundo é ponte, aqui é só passagem
Quatro elementos pra mim ainda são poucos
Levo meu ideal a sério com a corda no pescoço
Não sufoca, não amarra,
Não enforca, não cala.
Sou um bom orador e minha função é minha palavra
Representei os quatro cantos do mundo fiz revolução
Com a tradição oral de que a África não abre mão
Recitado nos poemas periféricos, com bastante sentimentos
Utilizo como chave boas ações, bons argumentos.
(Lázaro/Dum Dum/Heider)
Opanijé.
http://letras.terra.com.br/opanije/1683459/


Asé.

Mara Bittencourth.

sexta-feira, novembro 25

Contemplada.

O cabelo é crespo mesmo!
A cor é preta mesmo!
Os olhos são esticados mesmo!
A cintura é fina mesmo!
O largo riso é sincero mesmo!
A ousadia...essa do qual sempre ouço falar...Me foi dada por tod@s os Negr@s que ousaram lutar.
(Mara Bittencourth) 

Sublimes


A amor em sua instância maior.

De certo.

Quando as pessoas fazem amor
Não o fazem apenas
Mas sim...Estão dando corda ao relógio do mundo
(Mario Quintana)

Que fiques então.

"Durante a nossa vida:
Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vêm, ficam e depois de algum tempo vão-se.
Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar..."
(Chaplin)

Tem gente com fome

sexta-feira, novembro 18

A Mulher Negra Guerreira está morta…


Há poucas horas, enquanto lutava com a realidade de ser humana e não um mito, a mulher negra guerreira faleceu.
Fontes médicas afirmam que ela morreu de causas naturais, mas os que a conheceram sabem que ela morreu por ficar em silêncio quando deveria ter gritado; por sorrir quando deveria ter liberado sua fúria; e por esconder sua doença para não incomodar a ninguém com sua dor.
Ela morreu de overdose de gente em suas costas quando não tinha energia nem para si mesma.
Ela morreu de tanto amar homens que não amavam a eles próprios e que a única coisa que lhe davam em troca era um reflexo distorcido.
Ela morreu por criar filhos sozinha e por não poder fazer todo o serviço.
Ela morreu por causa das mentiras sobre a vida, os homens e racismos que sua avó contou à sua mãe e sua mãe lhe contou.
Ela morreu por ser sexualmente molestada quando criança e por ter que carregar a verdade consigo pelo resto da vida, trocando sempre a humilhação por culpa.
Ela morreu de tanto ser espancada por alguém que dizia amá-la, e ela permitia que o espancamento continuasse para mostrar que também amava esse alguém.
Ela morreu de asfixia, cuspindo sangue por causa dos segredos que guardava tentando abafá-los em vez de se permitir a crise de nervos que lhe era de direito – mas que só as mulheres brancas podem se dar ao luxo de ter.
Ele morreu de tanto ser responsável, porque ela era o último degrau de uma escada sem apoios e não havia ninguém que pudesse ampará-la.
A mulher negra guerreira está morta. Morreu por causa dos tantos partos de crianças que ela na verdade nunca quis, mas que a moral estranguladora dos que a cercam obrigou-a a ter.
Ela morreu por ter sido mãe aos 15, avó aos 30 e um antepassado aos 45.
Ela morreu por ter sido derrubada e tiranizada por mulheres não-evoluídas que se diziam sisters, companheiras.
Ela morreu por fingir que a vida que levava no século XXI era um momento Kodak e não um pesadelo pós-escravidão.
Ela morreu por tolerar qualquer zé mané só para ter um homem em casa.
Ela morreu por falta de orgasmos, porque nunca soube de suas reais capacidades.
Ela morreu por causa dos joelhos dolorosamente comprimidos um contra o outro, porque respeito nunca fez parte das preliminares sexuais que lhe eram impostas.
Ela morreu por causa da solidão nas salas de parto e abandono nas clínicas de aborto.
Ela morreu por causa da comoção nos tribunais onde sentava-se, sozinha, vendo seus filhos serem legalmente linchados.
Ela morreu nos banheiros com as veias irreversivelmente abertas pelo descaso geral e pelo ódio que sentia por si mesma.
Ela teve morte cerebral combatendo a vida, o racismo, os homens, enquanto seu corpo era arrastado para um matadouro humano para ser espiritualmente mutilado.
E algumas vezes quando se recusou a morrer, quando apenas se recusou a entregar os pontos, ela foi assassinada pelas imagens fatais de cabelos loiros, olhos azuis e bundas chapadas, quando foi rejeitada pelos Pelés, Djavans e Ronaldinhos da vida.
Às vezes, ela era arrastada para a morte pelo racismo e pelo sexismo, executada pela ignorância hi-tech en


quanto carregava a família na barriga, a comunidade na cabeça, e a raça nas costas.
A escandalosa mulher guerreira sem voz está morta!!!!!!
Ou Ela Está Viva, E Se Mexendo????? ?
Eu sei que eu ainda estou aqui.
E você? Está se sentindo viva?
Companheira. .. cuide-se!
(tradução do texto The Strong Black Woman is Dead, de autora desconhecida)


Recomendo.

quarta-feira, novembro 16

Sentindo...

Sei que não estou sozinha.
Sou um pouco do muito que me cerca. Todos que estão aí, todos que já se foram e os que estão por vir. Por certo que a minha solidão é fruto das retiradas que a vida me fez ao longo dos anos. Acredito que nenhum ser poderá suprir espaços por outros deixados. Adoraria poder acordar e descobrir que tudo não passou de um momento ruim enquanto eu dormia e que ao acordar me daria conta que a única preocupação do dia seria ter que organizar os brinquedos e tomar banho antes de deitar.
Sempre estive muito a muitas instâncias de ser a filha sonhada por eles... Nunca me enquadrei nos moldes a mim impostos. Juro que tentei. Mas, não me enquadrei. Apenas peço desistam... Confesso que já desisti.
Noite fria, chuva forte, céu sem estrelas, um choro abafado, um latido distante, música suave, saudades, distâncias, lembranças boas daqueles risos doces e ternos, afirmações e reafirmações vividos mais cedo.
O Sagrado me protege, me guarda e me rege.
Me leva e trás quando faz-se necessário. Há por sobre meus ombros muitas responsabilidades que me foram dadas muito cedo. Mas, sei que não me seriam dadas se eu não as suportasse.
Senti falta de tudo hoje.
Voltei para o meu canto ( de onde quero fugir desesperadamente). Para onde se afaste de mim todas as mazelas já vividas.
Sou dores...
Sou lágrimas...
Melancolia.
Não tenho medo.
MENTIRA!
Tenho sim... Muito por sinal apenas de uma coisa:
Não de ter o filho que espero desde a infância, quando a inocência me fazia pensar que ter filho significava apenas cuidar das bonecas.
Tenho medo de não te-lo.
Aquele que acalmará minha alma.
Aquele que ainda não nasceu e que com certeza eu morreria por ele.

P S: Cheiro de terra molhada
Saudades da minha Ia Ia.

Dona Maria;
Dona Nuca;
Dona do meu coração;
Dona do meu amor;
Dona do meu inicio,
Dona do meu Fim.

Mara Bittencourth.
14 de Novembro de 2011


sexta-feira, novembro 4

Poder e Prosperidade ao Povo Preto.





Rondó da liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer
Carlos Marighella

Leia mais...


E a partir dai forme sua opinião.
Muita Luz..
Paz sempre!!

Mistura









Orgulho daquele sangue Indigena que corre em tuas veias

Asé...

Fui feita na Bahia
Num terreiro de Oxum

Os tambores sagrados
Bateram pra mim

Me banhei com guiné, alfazema e dandá
Defumei com quarô, benjoin
E de pano da costa
Batizei no Bonfim

Um velho preto alaketo me disse
Que foi lá de Keto que eu vim
Eu já vim predestinada pra cantar assim

Sou iluminada, eu sou
Sou de Keto sim
Sou iluminada, eu sou
Sou de Keto sim
(Doce Bethânia)

Ia Ia

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
Saudades Minha Ia Ia...