quinta-feira, abril 12

Reaja ou Será Morto ou Será Morta Um Comunicado de Guerra

“Ridículo é ver o malandrão vândalo, batendo no peito, Feio, fazendo escândalo”
Mano Brawn

Para a maioria dos negros e das negras do Brasil, os desconfortavelmente posicionados, os posicionadas abaixo da linha da miséria desenhada pelo Banco Mundial, na corda bamba, nas intermináveis estatística que justificam as captações milionárias de recursos, os que são vistos pelo Governo como carentes, os que não são lembrados pelo Governo, quando a bala fere, sangra e mata. Quando o hospital não atende, quando a policia humilha no baculejo. Quando viver é um risco. O significado do racismo é obvio, tátil, não tem purpurina que embeleze e nem lei que promova a igualdade sem uma pressão efetiva, uma reação.

O racismo é palpável, pesado, como toneladas de granitos em nossas cabeças. Falo nós por que me incluo entre os negros genéricos que alguns pesquisadores enunciam, não sou o afro descendente, essa gosma sem cheiro que a academia brandi, esse fenômeno inodoro, incolor.

Falo de uma perspectiva nada otimista, daqui da margem do inferno, do portal do inferno , a beira do abismo.
No local onde moro, o Aglomerado de Favelas do Nordeste de Amaralina, situada as margens da orla marítima, cantada e poetizada praia onde o pôr-do-sol é um brinde, me sobra o medo e alguma indignação, para que eu resista.

O Nordeste de Amaralina, a Santa Cruz, o Vale das Pedrinhas são vizinhas incomodas de uma quartel de artilharia do exercito, templo da tortura, com seu relicário de documentos queimados, desaparecidos.
Já nos ronda a especulação das construtoras, articuladas para nos retirar e plantar seus espigões, sua nova vitória nos debates do plano diretor.

O cotidiano do Nordeste de Amaralina é o mesmo dos bairros populares do Brasil, das favelas espalhadas, onde o povo vive como refugiados, controlados. Muita gente preta espalhada por casebres apertados, becos que anunciam a vida em labirinto, todo mundo quer puxar o fio de Ariadne, todo mundo quer se salvar.

Os métodos? As vezes é o salve-se quem puder.

O Governo sempre se faz presente. Não com hospitais e postos de saúde que funcionem, não com saneamento e recolhimento de lixo, não, esse é um luxo que não podemos ter. O Governo aqui entra cuspindo fogo com o fuzil, cuspindo bala, impondo o controle total da juventude que é suspeita até que se prove o contrario. Aqui morrem sete jovens por final de semana, sem exagero, sem maquiagem.
Os assassinos? São vários: a policia cumprindo seu dever, os grupos de extermínio tolerados pela policia, os matadores de aluguel financiados pelos“brancos pobres” donos dos mercados na frente da rua que geralmente são da policia, ou molham a mão da policia.

Da janela de minha casa eu vejo tudo, vejo os butecos cheios e as mentes vazias, os corpos rebolando sob a trilha sonora de um pagode pornográfico,vejo nas esquinas os jovens contando os mortos da ultima operação da força do Estado na quebrada, vejo as mães chorando e abraçando a roupa de seu filho morto.Não sobrou nem foto, e ela fica na janela com seus olhos distantes, esperando o filho que não volta. Eu e meus filhos não estamos a salvo, ninguém esta a salvo. 

Por isso eu reajo.

Vejo crianças brincando nas ruas, pulando as poças de lama e os esgotos a céu aberto, muitos sonham em ser jogadores de futebol, ou pagodeiros ou empacotadores de supermercado, ou policia, o que da muita moral. No limite, o dono da boca.

As ONGs de brancos já chegaram aqui, oferecem cursos de pedreiro, carpinteiro, manicure e pedicure. Eu sou execrado por eles porque faço elogio a preguiça e ao ócio. Ofereço meus livros complicados de Sitve Biko,Milan Kundera, Voltaire, Pedro Juan Gutierres, Umberto Eco, Ricardo Aleixo Abdias do Nascimento, Foucault, e Landê Onãwalê, recito os discursos de Luiza Bairros que me salvam da desesperança.
“ Nós carregamos a marca”
(Bairros)

Vejo meus filhos correndo com seus amigos e penso que tenho que garantir um futuro melhor para eles. Como fazer? Como agir e operar numa época sem esperança, em que o sentido de política esvazia-se, empobrece. Como me organizar a partir de valores afro centrados, sem os dogmas que a esquerda branca e hipócrita despejou na cabeça de certos quadros negros, recrutados pelas tendências dos partidos para nos dar direção.Eu continuo acreditando numa tese antiga de fazer Movimento Negro, sem um branco marxista me dizendo o que fazer. Mas é difícil para certos “Companheiros” eles passaram os anos noventa gritando: “Fora FHC”. A lavagem cerebral não permite que eles operem sem a licença do senhor.
E afinal, aqui é o Nordeste de Amaralina e não estamos em época de eleição.

O que vejo no entanto, bailando sobre os corpos dos negros chacinados, eliminados, é uma turma valorosa que desistiu, e caminham em marcha ré , a tal contra marcha quando celebramos 10 anos de caminhada sobre Brasília gritando: Fora os Racistas todos, de esquerda e de Direita.

Reacendem-se algumas praticas como tapetões, deboche, manobras, falsidade, controle, e engano. Um exercício autofágico conhecido no lugar onde moro como Patifaria.

O antídoto: É abraçar a confiança e a atitude do, Umbutu, Leo Ornelas, Guelwar, Marcus Alessandro, Mãe Índia, Andréia Beatriz,Vilma Reis, Lio N’Zumbi, Gabriel Swahilli, , Landê.

Reconhecer a senhoridade de minha Mãe de Santo e minha Avó, que me reza sexta feira depois de meia noite.

Atrás de mim tem gente, como lembra Sonia Maria Augusto, poderosa quilombola. Minha irmã.

Eu estou escrevendo este texto por que vi um cadáver na saída de meu bairro hoje cedo, era um jovem negro, podia ser meu filho o que completa agora 19 anos, ele compreendeu a realidade: cassetetes, frases que ameaçam, atitudes que esvaziam, humilham, excluem.

A realidade tem cor, uniforme, distintivo e um tom de voz característico.

“documento vagabundo, encosta ai”.

Por fim a morte.

Algum liberal desses ai, de plantão, seduzidos pelas ações afirmativas e algum programa do Governo me interpela furioso,

“Veja o que você escreve, você esta incitando a juventude com uma retórica demagógica, nós estamos conquistando espaço, não vê ? e, afinal também temos brancos pobres vitimas das drogas e toda sorte de infelicidade”.

Eu olho para esse irmão, fico cético e já cansado de ser enganado, respondo:

“São tão poucos brancos que eu nem noto”.E encerro o papo olhando partir o irmãozinho com seu boton de partido estampado promoção da igualdade.

Os brancos são o segmento racial mais confortavelmente situado para desfrutar de nossa submissão e aparece um “neguinho” desses, parecendo um advogado dos imigrantes italianos e espanhóis.

Vai fulano!!, vai votar em Pelegrino, Alfaia ou Magalhães, eu tenho uma luta a construir.

Eu to é cansado de ver os Jovens negros, como heróis antropológicos, com sua armaduras legitimadas por marcas multinacionais, armas de grosso calibre ostentadas como espadas de um cruzado medieval, derramando seu próprio sangue para satisfazer o mercado de consumo, ou os cavaleiros esfarrapados, famintos, ignorantes de uma cruzada em que só nós morremos.

Ouço o tilintar dos copos de aguardente , wisk, e magoas afogadas, a sensação esquizofrênica depois da ultima cheirada de pó, a desgovernada sexualidade, o crack, a mescla, a maconha, o lôdo.

“ Vai, Tenta ser feliz” Mano Brown

Eu não conseguir chorar pela morte da freira Dorothy Stang, nem podia,já derramei lagrimas demais pelos pretos, ofereço apenas meus respeitos. Mas o Governo Federal apareceu com sua Força Tarefa e já deu sua contribuição a resolução dos fatos.

Na Bahia, um dos maiores covis de grupos de extermínio do Brasil o Governo ainda não fez nada. Apenas acena para o circo da igualdade racial.

Eu e outras e outros rebeldes me preparo para reagir como posso . com minha vida, caso seja necessário.

Hamilton Borges Walê
Outono de 2005
Do front de batalha

quarta-feira, abril 11

Então...

* Acordei mei assim...querenu vê Frô..daquelas perfumada pur dimais..que aqui num tem.
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O dia passô qui nem dia quandi chovi...sem vontadi di fazê nada...pensanu na vida...lembrano das coisa...que me aconteceu!
e o riso bunito? ta longi agora ...então!
a noiti xegô...sem vontade num sabi...pois se inté as istrela que tem a mania de briá tanto...hoje nem saíru, de dentu das nuvi. Devem de tá sintindo a merma sardade que eu.
Eu? Sô um pêxinhu seu moço...doce...docinha...xêa dos trololó...xêa dos quatháquathá...xêa dos riso bão...xêa...xêa...xêa...transbodô.
Querê eu até te queru..mas tem qui vê.
Mas o querê é bão...que nem riso de mininu na chuva...cachorro besta mordenu o rabo...
No coração...aiaiaiai um berrêro.
hee Seu Bêra Má...Nossa Sinhora....As água do meu querê!
Salve Seu Boiadêro.
ki mi pegô no colo...me xamô de fía....
me deu de bebê...e disse que quem atravessá meu caminho vai si vê é cum Eli.
Mara Andrade MukamiParte inferior do formulário